domingo, 23 de junho de 2013

Côtes du Rhone

Na última 5ª feira, dia 20 de junho, realizamos no Rosmarino mais uma grande degustação, desta vez de diversas denominações da região do Rhone: Gigondas, Chateauneuf-du-Pape, Crozes-Hermitage, Côte-Rotie, Cornas e Vacqueyras, com a presença de apenas 6 confrades. Foram degustados 6 vinhos, de safras relativamente recentes (2003, 2004, 2005 e 2009), sendo um de cada denominação. Desta vez, o menu foi escolhido pelo confrade Marcio Guedes, mas sempre com o apoio do nosso confrade Paulo.

Couvert: Pão italiano, mini-ciabata, pão de queijo, patê de roquefort, manteiga e azeitona.

Entrada: Mil folhas de berinjela e queijo feta com verdes

Primeiro prato: Ravioli de batata na manteiga e cebola frita (vareniks)

Segundo Prato: Filé à Wellington (filé alto grelhado bem mal passado, envolvido com patê de foie grãs e coberto com fina massa folhada, acompanhado de bouquet de legumes (mini milho, cenoura e vagens francesas)

Sobremesa: Entremet de chocolate, Torta de nozes carameladas, Merengue de chocolate belga e avelãs, Carolinas de creme, Ovos nevados, Profiteroles, Terrine de Frutas, Tiramisú, Creme brulée, Pastiera di grano, Bavarese de chocolate e Tarte Tatin

A degustação contou com seis vinhos, com níveis alcoólicos variando entre 12,8% e 15%.


A seguir uma breve descrição dos vinhos degustados:

Gigondas 2009
Produtor: M. Chapoutier
País/Região: França/Gigondas
Graduação alcoolica: 14%
Confrade: Paulo

Chateauneuf-du-Pape 2003
Produtor: Louis Bernard
País/Região: França/Chateauneuf-du-Pape
Graduação alcoolica: 14%
Confrade: Ricardo

Le Clos 2009
Produtor: Delas Frères
País/Região: França/Crozes-Hermitage
Graduação alcoolica: 13%
Confrade: João Luis

Côte-Rotie Champin Le Seigneur 2005
Produtor: Jean-Michel Gerin
País/Região: França/Côte-Rotie
Graduação alcoolica: 12,75%
Confrade: Calabró

Cornas Les Barcillants 2009
Produtor: Les Vins de Vienne
País/Região: França/Cornas
Graduação alcoolica: 14%
Confrade: Joubert

Chateau des Tours Reserve 2004
Produtor: Chateau des Tours
País/Região: França/Vacqueyras
Graduação alcoolica: 15%
Confrade: Marcio

Vinhos degustados


Os vinhos degustados eram bastante aromáticos, sendo que um deles apresentou um aroma químico e acabou em uma colocação desfavorável.

Nesta degustação, os resultados do nosso painel apresentaram boas notas com uma pequena amplitude, em linha com as boas degustações do ano, sendo na média aparada de 2,5 pontos (de 87,8 a 90,3).

O vinho que ficou em último lugar foi o Chateau des Tours Reserve 2004, produzido pelo Chateau de Tours, na sub-região de Vacqueyras, no Vale do Rhône Meridional, com 15% de alcool, escolhido o pior vinho por 4 confrades, tendo entretanto agradado um confrade que lhe deu a maior nota.

O segundo melhor vinho do painel, foi o Côte-Rotie Champin Le Seigneur 2005, produzido por Jean-Michel Gerin na região de Côte-Rotie, a mais ao norte do Vale do Rhône Setentrional, com 12,8% de alcool, escolhido o melhor vinho por um dos confrades e o segundo melhor para outros dois.

O Campeão da noite, foi o Gigondas 2009, produzido por M. Chapoutier, na Região de Gigondas, bem no centro do Vale do Rhône Meridional, às margens do rio L’Ouvèze, com 14% de alcool, escolhido o melhor vinho por tres confrades, o segundo melhor por outros dois, não tendo entretanto agradado um confrade que lhe deu a sua pior nota.



Vejam os resultados completos abaixo.


Não se esquecam que no dia 18 de Julho degustaremos vinhos tintos do Priorato. Até lá....

Não percam a próxima degustação.





domingo, 2 de junho de 2013

O Vale do Rhône

O rio Rhône (ou Ródano, na tradução portuguesa) é um dos mais importantes “rios de vinho” do mundo. Desde seu nascedouro, nos Alpes suíços, até o seu delta, no mar Mediterrâneo, esse grande rio bordeja várias regiões vitivinícolas bastante diversas entre si como o Valais suíço, famoso por seu Fendant du Valais, a Savóia francesa, que produz em Seyssel leves vinhos espumantes, e, bem mais ao sul, Châteauneuf-du-Pape, notável por seus tintos potentes e encorpados.
No entanto, quando falamos em Vale do Rhône (Vallée du Rhône) ou Encostas do Rhône (Côtes du Rhône) entamos nos referindo à sua parte francesa mais famosa, que se inicia ao norte , em Vienne, e termina ao sul, nas proximidades de Avignon.
Tudo indica que foram os romanos que introduziram a vitivinicultura na região por volta do século I antes de Cristo. Em sua “História Natural” (ano 71 d.C.) o célebre escritor romano Plínio já faz referência e até mesmo elogia os vinhos produzidos perto de Vienne. Hoje o Vale do Rhône é o segundo mais extenso vinhedo produtor de vinhos finos da França, perdendo apenas para Bordeaux. Região de grandes contrastes, costuma-se dividir o vale em duas regiões que possuem climas, solos, terroirs e castas de uvas diversas: o Vale do Rhône Setentrional e o Vale do Rhône Meridional.


Vale do Rhône Setentrional
Nessa região, onde predominam as uvas Syrah (tinta) e as brancas Viognier, Marsanne e Roussane, se produzem os vinhos mais finos e elegantes do Rhône. Seus vinhos são mais populares entre os connaisseurs do que entre o grande público consumidor, que tem o Châteauneuf-du-Pape – a mais famosa denominação do sul do Rhône – sempre em sua memória como grande ícone. Tal fato se explica pela pequena produção do Rhône setentrional, inferior mesmo à do Châteauneuf-du-Pape, que é apenas uma das denominações de origem do Sul do Rhône.
O clima da região é do tipo Continental, com invernos frios e verões bem quentes. É consideravelmente mais fresco do que o da região meridional, sendo temperado pela constante neblina das manhãs. Os vinhedos são plantados pequenos espaços, nas escarpadas e estreitas encostas de solo granítico.
Denominações de Origem
A região tem oito crus de alta reputação, que são os seguintes vinhos AOC (Appellation d’Origine Controllé) . Vindo do norte para o sul temos:
Côte-Rôtie (200 ha de vinhedos) – Produz vinhos de altíssima qualidade e grande prestígio, sendo 80% tintos, com a uva Syrah, na Côte Brune. Na Côte-Blonde predomina a uva branca Viognier, usada mesclada com a Syrah para emprestar mais equilíbrio aos tintos da região.
Condrieu (90 ha) – A uva branca Viognier necessita de bastante calor e se favorece da boa exposição ao sol dos vinhedos da vertente sul, plantados sobre o solo granítico, de Condrieu. A região só produz vinhos brancos que primam pela suavidade e opulência.
Château-Grillet (3,4 ha) – É uma das menores regiões AOC de todo o território francês. Também produz somente vinhos brancos com a mesma Viognier, passíveis de boa guarda.
Saint-Joseph (700 ha) – Produz tintos com a casta Syrah e brancos com as uvas Roussanne e Marsanne. A qualidade média dos vinhos da região já foi mais alta devido ao aumento da área abrangida pela denominação, como aconteceu também em Crozes-Hermitage. Os melhores produtores continuam produzindo belos vinhos.
Hermitage (130 ha) – Zona de longa tradição histórica. Situada no vilarejo de Tain Hermitage, que abrigava um antigo eremitério (como indica seu nome), onde paravam os eremitas da região para provar de seus vinhos. É a denominação mais conhecida e prestigiada do Norte do Rhône. Vinhos tintos com a uva Syrah (cerca de 85% da produção) e brancos com as uvas Marsanne e Roussane.
Crozes-Hermitage (1020 ha)- Situada ao redor das colinas de Hermitage, em encostas mais suaves, possui vinhedos de Syrah, Marsanne e Roussane. Seus vinhos não atingem o nível de qualidade de seu famoso vizinho, além se serem menos longevos. Após um período de declínio de prestígio , ocorrido após a expansão de sua área, a denominação vem recuperando seu bom nome com o advento de novos bons produtores.
Cornas (75 ha) – Produz bons tintos com a Syrah, que devem ser guardados para arredondar seus potentes taninos e expressar sua qualidade.
Saint-Péray (65 ha) – Aqui só os brancos, tranqüilos ou espumantes, têm vez, e são ambos encorpados e mostram aromas florais. As castas utiliadas são a Roussane e a Marsanne, plantadas em seu solo granítico.
Vale do Rhône Meridional
Na sua parte sul, o Vale do Rhône se alarga e as encostas se mostram mais suaves. Pode-se ver as pequenas colinas se estendendo ao longo do grande rio cobertas de vinhedos, um terreno bem mais acessível do que as escarpas do norte. O clima é mais quente, do tipo Mediterrâneo, e os vinhedos sofrem grande influência do mar. Tempestades e chuvas fortes não são incomuns na região. Vindo do Mediterrâneo, o vento Mistral tem importante papel no caráter do terroir da região.
A variedade de uvas que encontramos aqui é muito maior do que a do norte. São em seu total vinte e três, sendo que, só na denominação Châteauneuf-du-Pape, são autorizadas treze. Se no norte tínhamos apenas a Syrah, no sul, predomina a Grenache, existem também a Cinsault, a Mourvèdre, a própria Syarh e várias outras. As principais uvas brancas são a Viognier, a Marsanne, a Roussanne, a Clairette e a Bourboulenc. Com elas são produzidos tintos, brancos e rosés.
Denominações de Origem
Denominação Regional Côtes-du-Rhône (45 000 ha) – Representa a esmagadora maioria da produção regional, com 80% do total. Suaves e redondos, devem ser bebidos jovens, entre um e três anos. Grande parte desse vinho é produzido em cooperativas.
Denominação Côtes-du-Rhône Villages (5 000 ha) – Seus vinhos são mais potentes e estruturados do que a AOC Côtes-du-Rhône simples, e seus vinhedos têm rendimento menor. Existem dezesseis vilarejos que podem ostentar essa denominação em seus rótulos. A uva predominante é a Grenache.
Châteauneuf-du-Pape (3 200 ha) – No século XIV o papado mudou-se de Roma para Avignon, quando resolveu-se construir um castelo de verão para os novos Papas. Escolheu-se a pequena vila de Calcenier, um pouco ao norte de Avignon, para a empreitada. O primeiro desses papas franceses, o gascão Clemente V (que empresta seu nome ao famoso cru Chãteau Pape Clement, de Bordeaux) chegou à região em 1309 e ordenou que se plantasse um vinhedo naquele estranho solo de pedras roladas. No entanto, foi seu sucessor, João XXII, quem desenvolveu bem o vinhedo.
O Châteauneuf-du-Pape é um ícone do vinho francês, não só por sua história como por sua qualidade. Trata-se de um vinho robusto, de cor escura e muito macio elaborado com até 13 castas, embora, na prática, nunca se utilize todas elas. A Grenache predomina nos tintos. Os brancos, mais raros, são bem encorpados e estruturados, com aromas delicados e grande persistência gustativa.
Gigondas (1 040 ha), Vacqueyras (800 ha) , Lirac (420 ha) e Tavel (100 ha) são as outras principais AOC do Rhône Meridional, além dos tradicionais VDN (Vins Doux Naturels) Muscat de Beaumes-de-Venise (440 ha) e Rasteau (100 ha).

Fonte: Aguinaldo Záckia Albert - Publicado na edição #32/2008 da revista ADEGA.
Mapa:  thevinofiles.com