Céu azul, sol ofuscante, ciprestes, pinheiros e oliveiras que se curvam à força do vento Mistral, terreno rochoso e pequenas vilas, a imagem idílica e tradicional do Sul da França continua a ser verdadeira. Estendendo-se ao longo de toda a costa Mediterrânea, das fronteiras com a Itália e com a Espanha, a área é também uma enorme região vinícola. Sozinho, o Languedoc-Roussillon representa um terço da área de vinhedos do país.
O vinho tinto é responsável por quase
90% da produção de vinhos na região. Quase todo o vinho tinto é produzido com
cinco variedades clássicas, e as regras AOC de modo geral exigem que o corte
inclua todas elas (Carignan, Sinsault, Grenache, Syrah e Mourvèdre).
A classificação de vin de pays
flexibilizou as rigorosas normas das denominações, permitindo que variedades de
outras regiões, como Merlot e Cabernet Sauvignon, sejam plantadas. O resultado
são vinhos varietais de bom preço, muitos deles rotulados como Vin de Pays
d’Oc.
Embora a história da produção de
vinhos remonte há 2000 anos, quando gregos, fenícios e mais tarde os romanos
estabeleceram suas colônias no Languedoc para produzir vinhos e azeite, a
vinicultura da região só se modernizou a partir das décadas de 1960 e 1970,
quando os produtores do Languedoc passaram a reconhecer a necessidade de
substituir o produto barato, de baixa qualidade e produzido em massa que deu
fama duvidosa à região dos vinhos de qualidade. Foram plantadas grande
quantidades de vinhas novas da cepa então desconhecida Carignan, e, com
investimento crescente e modernas técnicas de vinificação as denominações do
Languedoc-Roussillon, especialmente Coteaux du Languedoc, hoje produzem alguns
dos vinhos jovens considerados os mais interessantes da França. O sucesso fez
com que hoje produtores da Califórnia, Austrália, Nova Zelândia, África do Sul
venham comprando vinhedos no Languedoc devido ao terroir favorável ao plantio
das vinhas.
A região Languedoc-Roussillon produz
uma vasta gama de vinhos, incluindo brancos, tintos, rosés, espumantes e vinhos
fortificados naturalmente doces. Com o seu carácter distinto, marcado pelo
terroir e o clima excepcionalmente ensolarado, os vinhos do
Languedoc-Roussillon notadamente refletem o terroir no qual são produzidos.
Representando cerca de 30 denominações, os vinhos do Sul da França têm em comum
os fatos de terem preços acessíveis e serem fiéis às suas características,
sendo, portanto, inimitáveis.
As castas Grenache, Syrah, Merlot,
Cinsaut, Mourvedre, Sauvignon, Chardonnay e Viognier são usadas para produção
de vinho junto com castas tradicionais, como a Chenin Blanc e Mauzac. O
Languedoc tornou-se um respeitado produtor de vinhos de qualidade. Como nos
tempos históricos, a produção de vinhos doces,
como o Muscat de Lunel e Rivesaltes continua ao longo das planícies costeiras
A região Languedoc-Roussillon produz
principalmente vinhos tintos, uma boa parte é "Vin de Table" (mais
simples e sem indicação de origem) mas a maioria é "Vin de Pays".
Classificação dos vinhos:
Encorpado,
vinho tinto (Corbières, Saint Chinian)
Médio
corpo, vinho tinto (Costières)
Rosé
leve e seco (Languedoc, Roussillon)
Vinho
branco seco (Costières, Languedoc, Minervois)
Vinho
tinto doce (Banyuls, Carthagène, Maury)
Vinho
branco doce (Muscat)
Vinho
branco espumante (Limoux)
Clima
no Languedoc
O clima no Languedoc é mediterrâneo.
Os verões são quentes e secos, os invernos são chuvosos e as temperaturas na
primavera e no outono são moderadas.
Cercado por montanhas e pelo mar
Mediterrâneo, o Languedoc é uma das regiões da França onde os ventos são mais
frequentes. Como dizem os moradores da região, “É a terra do vento”. No
Languedoc, a área onde mais venta é ao longo da costa entre Narbonne e a fronteira
espanhola.
Os ventos se formam devido as
combinações dos fatores topológicos e meteorológicos da região.
O vento Mistral, por exemplo, é o mais
famoso. É um vento seco e frio. É causado pelo ar frio do norte que segue pelo
vale do Rhône entre os Alpes e o Maciço Central. Em seguida ele atravessa o
litoral do Mediterrâneo.
Os ventos Tramontano sopram do
noroeste do Languedoc e do Roussilon. É a versão local mais suave do Mistral. É
seco, frio e muitas vezes pode ser forte trazendo o ar frio das regiões
polares.
O Cers sopra do oeste ou sudeste do
Languedoc. Muitas vezes anuncia o clima ensolarado e quente. Em geral é frio no
inverno e quente no verão, mas sempre seco.
O Marin é um vento quente que vem do
mar Mediterrâneo. Sopra das margens sudeste trazendo umidade. Durante o inverno
pode provocar chuvas fortes nas áreas costeiras.
O vento Sirocco vem do Sul. Ele traz
ar quente e seco da África.
O vento Autan sopra do sudeste da
França. É um vento quente e forte e muitas vezes é o anúncio de fortes chuvas.
O Autan cobre uma área de Perpignan, no sul, Auch, a oeste, e Cahors ao norte.
O Autan pode ocorrer em duas
variedades: L'Autan Blanc e L'Autan Noir. L’Autan Blanc é um vento que indica
que o clima será bom. É fresco no inverno e quente no verão. Já o L’Autan Noir
é quente e traz pancadas de chuvas fortes. É menos frequente que o L’Autan
Blanc.
Principais
castas
Tintas:
Carignan: variedade de
uva tinta mais popular cultivada. Ela é utilizada em blends que podem
representar 60% da composição de um vinho. É de amadurecimento tardio e
bastante resistente às geadas e ao calor intenso. Transmite aos vinhos muita
cor e grande quantidade de taninos. Confere ao vinho aromas de frutas vermelhas
e escuras bem como aromas apimentados.
Cinsault: casta
semelhante a Grenache. Bastante resistente a secas. Os vinhos que produz tendem
a ser leves, macios e, quando muito jovens, mais aromáticos do que a maior
parte dos tintos. É bem adaptada à produção de vinhos rosés. A Cinsault é
utilizada quase que exclusivamente para adicionar maleabilidade, perfume e
frutas aos vinhos. Confere aromas de frutas vermelhas ácidas (morango e
groselha).
Grenache: no
Languedoc, a Grenache tem um papel secundário, mas no Roussillon é extremamente
importante enquanto ingrediente vital em vinhos tão caracteristicamente fortes
e doces como o Banylus, o Riversaltes e o Maury. Mais uma prova de que a
Grenache é capaz de produzir grandes vinhos, mesmo que sejam vinhos de um tipo
muito especial. Confere aromas de frutas vermelhas (cereja e ameixa), compota,
cacau e café.
Syrah: casta que
acrescenta estrutura aos vinhos Coteaux du Languedoc e aos vins de pays. Ela
confere ao vinho taninos elegantes que os tornam aptos ao envelhecimento. É a
quinta videira mais cultivada no Languedoc-Roussillon. Confere aromas florais
(violetas, peônias), alcaçuz, especiarias, frutas vermelhas e com o tempo
(evolução), notas animais.
Mourvèdre: no sul da
França a Mourvédre produz vinhos bastante estruturados, com fruta intensa e
aromas de amoras e mirtilos. O seu êxito maior está em desempenhar um papel
secundário, dado que é mais carnuda que a Syrah, mais rija que a Grenache e a
Cinsault e mais interessante que a Carignan.
Picpoul
Noir:
produz um vinho alcoólico, rico em aromas e que deve ser bebido enquanto jovem.
Brancas:
Chenin
Blanc:
é a casta que produz os melhores vinhos brancos de Anjou e é também empregada
no Languedoc-Roussillon para a produção de vinhos secos e doces, como
Blanquette de Limoux. É sujeita à a podridão nobre e por essa razão é colhida o
mais tarde possível, por vezes em Novembro.
Grenache
Blanc:
muito cultivada no Roussilon, onde produz vinhos brancos de mesa concentrados,
untuosos e suaves. É também um importante ingrediente nos Rivesaltes mais
claros. Confere aromas de flores brancas e mel.
Macabeo: marca
presença nos vinhos brancos de dominação em muitos dos vinhos doces do
Roussillon. Transmite delicadeza e leveza aos vinhos. No nariz os aromas são de
frutas brancas e amarelas (maçãs, pêssego e pêra) e também de flores brancas
(laranjeira) e mel.
Clairette: casta usada
nos vinhos brancos e rosés. Também usada em alguns muscats e para os espumantes
Blanquette de Limoux. Os vinhos elaborados com esta casta costumam ser potentes
e untuosos. Os aromas são de damasco, pêssego, mel e flor de laranjeira.
Mauzac
Blanc:
Ela é usada principalmente para fazer vinhos secos, doces e espumantes. Produz
vinhos aromáticos e com sabores de maçã fresca. A Mauzac é componente principal
dos vinhos espumantes chamados Blanquette de Limoux.
Vermentino: casta
autorizada em muitas denominações, incluindo os brancos da Côtes du Russillon.
Produz vinhos vivos, com corpo, acidez e perfume.
Viognier: confere
aromas de flor de laranjeira, damasco e pêssego aos vinhos.
Chardonnay: casta usada
no Blanquette de Limoux. Os vinhos elaborados a partir desta casta costumam ser
untuosos, potentes e complexos. Transmitem aromas de frutas secas, aromas
tostados e amanteigados. Também encontramos as flores brancas como o lírio.
Muscat
de Alexandria:
casta bastante presente no Muscat de Rivesaltes, mas também é usada nos vinhos
doces e encorpados como o Banylus e Maury. Aromas adocicados de damasco,
pêssego e mel, apresenta também especiarias doces como cardamomo e noz moscada.