terça-feira, 26 de junho de 2018

Tintos do Languedoc


Na última 5ª feira, dia 21 de junho, realizamos na casa do confrade Otávio mais uma excelente degustação, desta vez de Vinhos tintos da região do Languedoc-Roussillon. Tivemos a presença de 7 confrades e um convidado e foram degustados 8 vinhos, de safras bastante diversas (2005, 2009, 2010, 2013, 2014 e 2016), O nosso confrade Otávio foi responsável pelo excepcional menu da noite.

Aperitivos: Paes, Brie, Parmesão, morango, uvas e presunto de Parma.

Prato Principal: Cassoulet

Segundo Prato:  Ravioli de Muzzarela

Sobremesa: sorvete crocante, mouse de chocolate e torta de amêndoas

A comida estava excepcional

A degustação contou com oito vinhos com níveis de alcool variando entre 13,5% e 14,5%.


A seguir uma breve descrição dos vinhos degustados:

La Cuvée Mythique 2014
Produtor: Vignerons Mediterranée
País/Região: França/Pays D'Oc
Graduação alcoolica: 13.5%
Uvas: 34% Syrah, 30% Carignan, 24% Grenache & 12% Mourvèdre
Confrade: João Luiz

Nostre Pais 2014
Produtor: Michel Gassier
País/Região: França/Caissargues
Graduação alcoolica: 14.5%
Uvas: 35% Grenache, 25% Carignan, 20% Syrah, 15% Mouvedre & 5% Cinsault
Confrade: Marcio

Prieuré de Saint Jeande Bébian 2005
Produtor: Earl Le Brun-Lecouty
País/Região: França/Pézenas
Graduação alcoolica: 14.5%
Uvas: 45% Syrah, 30% Grenache & 25% Mourvedre
Confrade: Alessandro

Clos des Mures 2016
Produtor: Chateau Paul Mas
País/Região: França/Pézenas
Graduação alcoolica: 14.5%
Uvas: 85% Syrah, 10% Grenache & 5% Mourvèdre
Confrade: Calabro

Minervois 2010
Produtor: Hecht&Bannier
País/Região: França/Minervois
Graduação alcoolica: 14.5%
Uvas: Syrah, Grenache e um toque de Carignan 
Confrade: Paulo

Grand Cuvee Domaine de L'Hortus 2009
Produtor: Vignobles Orliac
País/Região: França/Valflaunés
Graduação alcoolica: 14%
Uvas: 60 % Syrah, 35% Mourvedre & 5% Grenache
Confrade: Otavio

Les Obriers de la Peira 2013
Produtor: Robert Dougan
País/Região: França/Terrasses du Larzac
Graduação alcoolica: 13.5%
Uvas: 65% Cinsault & 35% Carignan 
Confrade: Edouard

Minervois La Liviniére 2013
Produtor: Domaine Aires Hautes
País/Região: França/Minervois
Graduação alcoolica: 14.5%
Uvas: 45% Syrah, 40% Grenache & 15% Carignan
Confrade: Alberto

Vinhos degustados


Os vinhos apresentaram cor rubi, sem no entanto demonstrar evolução. Os aromas  incluiam frutas vermelhas escuras, framboesa, amora, herbáceo, figo seco e madeira, sendo alguns um pouco alcoólicos no naris. Os taninos em geral se mostraram bastante equilibrados, mas um dos vinhos estava ainda um pouco tânico.

Nesta degustação, os resultados do nosso painel apresentaram, uma pequena amplitude de notas, sendo na média aparada de 1,9 pontos (de 88,4 a 90,3).

O vinho que ficou em último lugar foi o Nostre Pais 2014, produzido por Michel Gassier com as uvas Grenache, Carignan, Syrah, Mouvedre & Cinsault, na sub-região de Caissargues, na França, com 14,5% de alcool, escolhido o pior vinho por quatro confrades e o segundo melhor por outro.

O segundo melhor vinho do painel, foi o La Cuvée Mythique 2014, produzido por Vignerons Mediterranée na denominação Pays D'Oc, com as uvas Syrah, Carignan, Grenache & Mourvèdre, com 13,5% de alcool, escolhido o melhor vinho por tres confrades.

O Campeão da noite, foi o Grand Cuvee Domaine de L'Hortus 2009, produzido com as uvas Syrah, Mourvedre & Grenache, por Vignobles Orliac, na sub-região de Valflaunes, com 14% de alcool. Este vinho foi escolhido o melhor vinho por quatro confrades e o segundo melhor por outros dois.


Vejam os resultados completos abaixo.

Não se esquecam que no dia 19/Julho degustaremos Chardonnay das Americas acima de R$ 150. Até lá....

Não percam a próxima degustação.



segunda-feira, 25 de junho de 2018

Vinhos do Sul da França – Languedoc-Roussillon


Céu azul, sol ofuscante, ciprestes, pinheiros e oliveiras que se curvam à força do vento Mistral, terreno rochoso e pequenas vilas, a imagem idílica e tradicional do Sul da França continua a ser verdadeira. Estendendo-se ao longo de toda a costa Mediterrânea, das fronteiras com a Itália e com a Espanha, a área é também uma enorme região vinícola. Sozinho, o Languedoc-Roussillon representa um terço da área de vinhedos do país.


O vinho tinto é responsável por quase 90% da produção de vinhos na região. Quase todo o vinho tinto é produzido com cinco variedades clássicas, e as regras AOC de modo geral exigem que o corte inclua todas elas (Carignan, Sinsault, Grenache, Syrah e Mourvèdre).
A classificação de vin de pays flexibilizou as rigorosas normas das denominações, permitindo que variedades de outras regiões, como Merlot e Cabernet Sauvignon, sejam plantadas. O resultado são vinhos varietais de bom preço, muitos deles rotulados como Vin de Pays d’Oc.
Embora a história da produção de vinhos remonte há 2000 anos, quando gregos, fenícios e mais tarde os romanos estabeleceram suas colônias no Languedoc para produzir vinhos e azeite, a vinicultura da região só se modernizou a partir das décadas de 1960 e 1970, quando os produtores do Languedoc passaram a reconhecer a necessidade de substituir o produto barato, de baixa qualidade e produzido em massa que deu fama duvidosa à região dos vinhos de qualidade. Foram plantadas grande quantidades de vinhas novas da cepa então desconhecida Carignan, e, com investimento crescente e modernas técnicas de vinificação as denominações do Languedoc-Roussillon, especialmente Coteaux du Languedoc, hoje produzem alguns dos vinhos jovens considerados os mais interessantes da França. O sucesso fez com que hoje produtores da Califórnia, Austrália, Nova Zelândia, África do Sul venham comprando vinhedos no Languedoc devido ao terroir favorável ao plantio das vinhas.
A região Languedoc-Roussillon produz uma vasta gama de vinhos, incluindo brancos, tintos, rosés, espumantes e vinhos fortificados naturalmente doces. Com o seu carácter distinto, marcado pelo terroir e o clima excepcionalmente ensolarado, os vinhos do Languedoc-Roussillon notadamente refletem o terroir no qual são produzidos. Representando cerca de 30 denominações, os vinhos do Sul da França têm em comum os fatos de terem preços acessíveis e serem fiéis às suas características, sendo, portanto, inimitáveis.
As castas Grenache, Syrah, Merlot, Cinsaut, Mourvedre, Sauvignon, Chardonnay e Viognier são usadas ​​para produção de vinho junto com castas tradicionais, como a Chenin Blanc e Mauzac. O Languedoc tornou-se um respeitado produtor de vinhos de qualidade. Como nos tempos históricos, a produção de vinhos doces, como o Muscat de Lunel e Rivesaltes continua ao longo das planícies costeiras
A região Languedoc-Roussillon produz principalmente vinhos tintos, uma boa parte é "Vin de Table" (mais simples e sem indicação de origem) mas a maioria é "Vin de Pays".
Classificação dos vinhos:
Encorpado, vinho tinto (Corbières, Saint Chinian)
Médio corpo, vinho tinto (Costières)
Rosé leve e seco (Languedoc, Roussillon)
Vinho branco seco (Costières, Languedoc, Minervois)
Vinho tinto doce (Banyuls, Carthagène, Maury)
Vinho branco doce (Muscat)
Vinho branco espumante (Limoux)

Clima no Languedoc
O clima no Languedoc é mediterrâneo. Os verões são quentes e secos, os invernos são chuvosos e as temperaturas na primavera e no outono são moderadas.
Cercado por montanhas e pelo mar Mediterrâneo, o Languedoc é uma das regiões da França onde os ventos são mais frequentes. Como dizem os moradores da região, “É a terra do vento”. No Languedoc, a área onde mais venta é ao longo da costa entre Narbonne e a fronteira espanhola.
Os ventos se formam devido as combinações dos fatores topológicos e meteorológicos da região.
O vento Mistral, por exemplo, é o mais famoso. É um vento seco e frio. É causado pelo ar frio do norte que segue pelo vale do Rhône entre os Alpes e o Maciço Central. Em seguida ele atravessa o litoral do Mediterrâneo.
Os ventos Tramontano sopram do noroeste do Languedoc e do Roussilon. É a versão local mais suave do Mistral. É seco, frio e muitas vezes pode ser forte trazendo o ar frio das regiões polares.
O Cers sopra do oeste ou sudeste do Languedoc. Muitas vezes anuncia o clima ensolarado e quente. Em geral é frio no inverno e quente no verão, mas sempre seco.
O Marin é um vento quente que vem do mar Mediterrâneo. Sopra das margens sudeste trazendo umidade. Durante o inverno pode provocar chuvas fortes nas áreas costeiras.
O vento Sirocco vem do Sul. Ele traz ar quente e seco da África.
O vento Autan sopra do sudeste da França. É um vento quente e forte e muitas vezes é o anúncio de fortes chuvas. O Autan cobre uma área de Perpignan, no sul, Auch, a oeste, e Cahors ao norte.
O Autan pode ocorrer em duas variedades: L'Autan Blanc e L'Autan Noir. L’Autan Blanc é um vento que indica que o clima será bom. É fresco no inverno e quente no verão. Já o L’Autan Noir é quente e traz pancadas de chuvas fortes. É menos frequente que o L’Autan Blanc.

Principais castas
Tintas:
Carignan: variedade de uva tinta mais popular cultivada. Ela é utilizada em blends que podem representar 60% da composição de um vinho. É de amadurecimento tardio e bastante resistente às geadas e ao calor intenso. Transmite aos vinhos muita cor e grande quantidade de taninos. Confere ao vinho aromas de frutas vermelhas e escuras bem como aromas apimentados.
Cinsault: casta semelhante a Grenache. Bastante resistente a secas. Os vinhos que produz tendem a ser leves, macios e, quando muito jovens, mais aromáticos do que a maior parte dos tintos. É bem adaptada à produção de vinhos rosés. A Cinsault é utilizada quase que exclusivamente para adicionar maleabilidade, perfume e frutas aos vinhos. Confere aromas de frutas vermelhas ácidas (morango e groselha).
Grenache: no Languedoc, a Grenache tem um papel secundário, mas no Roussillon é extremamente importante enquanto ingrediente vital em vinhos tão caracteristicamente fortes e doces como o Banylus, o Riversaltes e o Maury. Mais uma prova de que a Grenache é capaz de produzir grandes vinhos, mesmo que sejam vinhos de um tipo muito especial. Confere aromas de frutas vermelhas (cereja e ameixa), compota, cacau e café.
Syrah: casta que acrescenta estrutura aos vinhos Coteaux du Languedoc e aos vins de pays. Ela confere ao vinho taninos elegantes que os tornam aptos ao envelhecimento. É a quinta videira mais cultivada no Languedoc-Roussillon. Confere aromas florais (violetas, peônias), alcaçuz, especiarias, frutas vermelhas e com o tempo (evolução), notas animais.
Mourvèdre: no sul da França a Mourvédre produz vinhos bastante estruturados, com fruta intensa e aromas de amoras e mirtilos. O seu êxito maior está em desempenhar um papel secundário, dado que é mais carnuda que a Syrah, mais rija que a Grenache e a Cinsault e mais interessante que a Carignan.
Picpoul Noir: produz um vinho alcoólico, rico em aromas e que deve ser bebido enquanto jovem.
Brancas:
Chenin Blanc: é a casta que produz os melhores vinhos brancos de Anjou e é também empregada no Languedoc-Roussillon para a produção de vinhos secos e doces, como Blanquette de Limoux. É sujeita à a podridão nobre e por essa razão é colhida o mais tarde possível, por vezes em Novembro.
Grenache Blanc: muito cultivada no Roussilon, onde produz vinhos brancos de mesa concentrados, untuosos e suaves. É também um importante ingrediente nos Rivesaltes mais claros. Confere aromas de flores brancas e mel.
Macabeo: marca presença nos vinhos brancos de dominação em muitos dos vinhos doces do Roussillon. Transmite delicadeza e leveza aos vinhos. No nariz os aromas são de frutas brancas e amarelas (maçãs, pêssego e pêra) e também de flores brancas (laranjeira) e mel.
Clairette: casta usada nos vinhos brancos e rosés. Também usada em alguns muscats e para os espumantes Blanquette de Limoux. Os vinhos elaborados com esta casta costumam ser potentes e untuosos. Os aromas são de damasco, pêssego, mel e flor de laranjeira.
Mauzac Blanc: Ela é usada principalmente para fazer vinhos secos, doces e espumantes. Produz vinhos aromáticos e com sabores de maçã fresca. A Mauzac é componente principal dos vinhos espumantes chamados Blanquette de Limoux.
Vermentino: casta autorizada em muitas denominações, incluindo os brancos da Côtes du Russillon. Produz vinhos vivos, com corpo, acidez e perfume.
Viognier: confere aromas de flor de laranjeira, damasco e pêssego aos vinhos.
Chardonnay: casta usada no Blanquette de Limoux. Os vinhos elaborados a partir desta casta costumam ser untuosos, potentes e complexos. Transmitem aromas de frutas secas, aromas tostados e amanteigados. Também encontramos as flores brancas como o lírio.
Muscat de Alexandria: casta bastante presente no Muscat de Rivesaltes, mas também é usada nos vinhos doces e encorpados como o Banylus e Maury. Aromas adocicados de damasco, pêssego e mel, apresenta também especiarias doces como cardamomo e noz moscada.